sábado, 20 de outubro de 2012

Supus um dia em segredo que a vida devia estar enganada

Supus um dia em segredo que a vida devia estar enganada
que a repetição dos tempos nos traria aos desencontros
dos momentos instantâneos revividos na memória

A truculência desta ideia me assaltando povoou meu seio
fosse eu em despreparo ou fosse eu em inocência
e o pensamento-violência me teria desmatado
as raízes das certezas construídas sob a crença
de um homem na beleza dessa vida

Que será que ali entretinha minhas ilusões de não viver

enquanto erguia os corações às voltas com grilhões
e a liberdade é dádiva e representação do esvaecer

Eu ali me fabricava outra vez no remorso de existir

não morri inteiramente então porque pude ser poeta

Escravos da própria sorte
... de um amor que é imortal
... e só o homem aprendeu matar