perdão por toda essa tolice de poema
que pudesse rezar de joelhos aos céus
o mais íntimo e sagrado segredo encoberto
de tanto humano passei-me a sorrir
não só mais amor, como ódio também
Jamais fui homem assim como alí
naqueles tempos a que me refiro agora
e deles retiro o sopro dessa cura
a qual me melhora cada vez que provo
essa bondade de escrever amém
Sendo nessa afirmação berrante de
não mais ter a quem culpar por tal
assumo total incompetência a ser
aquilo que me chamam ainda de gente.
Hoje sou parafuso sem porca
é na solda e no aço da força e carvão
tenho roda e engate de fecho que
aquece e expande o motor e a válvula
Me sentei ao banco uma vez e nada
na segunda também nada me houve
mais uma e enfim estive pronto a maquenecer
Encontrei combustível pra diástole e assim
energia pra sístole que se seguia
a fala troquei por este som de ferrugem
o peito por tampa e cabeça por chip
as patas e os pelos como os olhos e boca
perna papo canela e trompa assim
cada osso é quase aço e cada sangue graxa
Hoje ferro quase lata pelo fato do tempo que passa
sou inteiro feito pra contar outros como eu
conto seus dias de vida e seus destinos
obedeço e ordeno quando não recebo envio
sempre calo e consinto por meu programa
por meu aparelho e por meu sistema
Tenho pergunta nenhuma que faça melhor
ou por quem obedeça ou recorra
São tempos de constatar aqui e agora
que apesar de máquina ou sucata
do fundo da caixa que habito
já fui homem nessa vida
e vou findando dizer
é mais um ponto
que emito
me mato
e não
morro