A história de desencontros
Começa quando ele a quer, porém não toma providência alguma. Só faz pensar, na menina de flores, por todo o dia e por toda noite; e à tardinha inclusive. Nunca amou ninguém e não sabe por onde começar. Assim, relendo poemas de amores mal iniciados e de declarações frustradas, encontra motivos pra querê-la mais; imagina o amor que a daria.
Derrete-se de paixão.
Ela, tão sentimental quanto ele: amou muito por tempos atrás e se conseguira finalmente ser feliz, viu que deu muito trabalho. O conhece então com essa premissa de que não mais se entregaria. Passa os dias então o esperando para dar-lhe o que ele quer de uma vez. E pra não ter titubeios nem outros intermédios com joguinhos de criança, usa-o.
Entrega-lhe um beijo.
A transição
Se dá quando ele é surpreendido, apesar de ter sonhado com isso, pelo beijo da menina branca. Já sabendo que é amor, se torna inteiro trovador; poeta, florista e compositor. Mas pelas reações dela não entende o que faz errado; porque não é igualmente retribuído? Percebe-se que anda exagerado e promete conter-se. Apesar da tortura que e amá-la, não diminui nada no carinho dado.
Derrete-se na dúvida.
Satisfeita pelo beijo conseguido, tenta fugir da história outrora vivida. De início o ignora e pede pra que não exagere na tentativa de iludi-la, apesar de saber no fundo que ele é sincero. Teme se doar e não receber carinho de volta. Apesar da resistência percebe a paixão que chegou para ela. Define as regras e diz como ele deve agir a partir dali. Em seguida aceita, com o pé atrás, o amor que a inquieta.
Entrega-lhe o coração
Tempos de fim
É porque negou de todas as maneiras, no início, mas cedeu aos pedidos e conformes dela. Longe da caneta e do violão, abre mão de si. Diz que a ama quando pede e se não pede fica quieto. Não perdeu o amor, mas não tem vontade de dizer; não passa noites em claro pensando nela; e reaprendeu a dizer não. Parece estar mais ausente que nunca. Fica dias sem chamar e quando chega, logo vai.
Derrete-se quando convém.
Finalmente, como queria, ele é perfeito. Foi difícil, mas agora acabaram as gracinhas dele. Sentia de dentro um calor indescritível que a apavorava, mas não recebe mais flores nem é musa de poemas, o calor se esvai. Aquieta-se enfim, pensando no que faz para perder o homem que ama. Por não o aceitar como o faz parecer, agora chora por ele não ser o cara inventivo, que nunca se ia.
Entrega-lhe o que mais ninguém tem.