Como as janelas estão abertas,
resta ao homem desfazer-se da cortina
e seu aceno tranquilo anuncia que é feliz.
Então, pela manhã, a rua logo o entende,
retruca com vento nas folhas,
que balançam novas sombras sobre a janela.
Há certa luz percorrendo as pessoas
embrenhando-se nelas também.
Já eu, lá, distante. Receoso em interromper a total harmonia, sou breve.
O homem desce da janela e ganha outros rostos,
que concordam com seu caminhar ereto, calmo, correto.
Há certa leveza em seu tratar com a cidade,
e as árvores gigantes da calçada entendem isso.
Segue a jornada sem saber o fim,
desconhece o destino e a razão de havê-lo;
e basta, toda paz que sente é real.
A ideia de fazer parte do mundo me assalta, mas só caibo mesmo pelo contraste.
Em algum momento, tropeça,
o homem perde o passo, e a cidade não aceita.
Tenta ridiculamente voltar para todos os seus reais amores,
e vê que mãos desconhecidas os afagam.
Mira a sua voz na direção da cidade e chama pelos rostos familiares,
porém, o som das folhas nas árvores gigantes é mais alto, o tortura.
Ele fica impaciente, rói os próprios ouvidos para não escutar.
Agora, está em frente aos fechados portões, também gigantes, da cidade.
Do lado de fora, pela primeira vez,
não faz parte da felicidade.
Quando volta o olhar para a direção contrária a da cidade,
enxerga um mundo desconhecido,
de outros, como eu, talvez-homens.
E por último, ele chora.