segunda-feira, 13 de junho de 2011

O orgulho-sertão

Augusto é de lá do Sertão das Dores.
Quando menino tropeiro da Fazenda levava as mulas para beber do rio. Era hora então de assoviar passarinho e chupar cana até não dar. Do alto da pedra vê de um lado a mulada do outro alçapão. Mais tarde às Terras Roxas do seu Tonico, seu quinhão era só meia água e dois pães duros.    A mãe espera da ribeira o filho menor que volta da labuta. A casa era sempre cheia de irmãos, uns que já apareciam grandes.

Augusto é lá do Sertão das Dores.
Depois que ganhou braço tratava do cultivo. Tinha faz-sombra de palha que punha na cabeça e que não o deixava ver nem metade do nasce e morre do sol, o qual sabia que vinha e ia todos os dias da plantação. A enxada estava calejada das suas mãos, e seu pé de sua enxada. Foi abrir a terra, foi botar semente, foi quem regava as plantas e já era da colheita.    A mãe espera da margem o filho mais velho que volta da planície. A recompensa do trabalho era maior mas menor que a família.

Augusto é do Sertão das Dores.
Fora prometido aumento do ganho se colhesse mais que um ano num só mês. Mas as nuvens foram egoísmo de tamanho inconfundível. Das alturas só a secura quem desceu à terra-pedra, que dar-se-ava nela nada. O patrão foi para capital levando o povo da Casa, deixando nem o padre para salvar do coisa ruim, deixando-lhe nem esperança para ver chegar a chuva.    A mãe espera do céu, o filho que não quer voltar.

Augusto é o Sertão das Dores.
E a borrasca que vem depois da seca inunda a região e a faz torrente. Vai levando o alçapão junto à enxada, levando as mulas que pastavam a plantação. Leva a sua casa e a Casa do homem-bom também. Do alpendre canta o passarinho um assovio qualquer de triste, e o filho agora espera do alto da pedra que a água não leva.