Que tem um homem para falar da guerra que viveu, se não a dor que sente ao olhar para trás?
Pela cidade onde vivia andava devagar disperso, sem nada lhe fazer cansar
mirando sempre ao longe para entender o todo, seu rosto disposto
diante à praça emocionava pelo violão chorado o ouvido atento de qualquer passante
vida que seguia parecia distante porque o tempo devagar andava antes
e fez tudo para o amor durar e emoldurar a foto sua de casamento
sua mulher e seus três filhos tão meninos mal sabiam o destinto seu, quanto ao pai
que desconhecia xingamentos, quando ouviu logo logo se arrependeu
Mas sem compreender matar chamado fora a guerrear, e pela mão do comandante
aprendeu que para viver se corre, se não morre e se perde o coração
então, ao treinamento deu-se inteiro pois no mesmo mês fevereiro já havia começado
passando os anos e sem retorno à casa a dor dificilmente passa, do amor fica a lembrança
de não mais poder voltar, foi aí que entregou-se ao seu destino chamou Deus de cretino
foi na frente da defesa mirou só na cabeça e ninguém pôde lhe deter
O peito, agora, não suporta mais o peso desse remorso que invade a alma e atordoa, é triste
quando está a toa é impossível não lembrar, mas a chorar resiste por saber ainda cantar
sua voz hoje em dia é rouca, a poesia é pouca comparada aos tempos de outrora
morreu além da melodia, quem sempre lhe aguardou à mesa para jantar, sua família
punha a mesa todo dia e esperava da guerra voltar o pai que não vinha.