domingo, 26 de fevereiro de 2012

Descuido

Rubros calcanhares,
juro que ainda lhes tenho em meus olhos
descalços e sozinhos, até os vejo na praia
carimbando a areia carente das nossas pegadas
mas aí já foi sonho, aquele do descanso,
e é ótimo que os possa perceber
Juro que ainda te tenho olhos


É de manhã e eu presumo que sim
que os possa rever e confirmar o que suportavam
silenciosos, só sabiam estalar de leve pelo chão
vento de janela em sussurro balançando lençol
tudo muita confusão, o sono, a claridade
algum som, calor, quando quase me escaparam,
Que os possa rever e junto o que suportavam


Foi um beijo a despedida e
a surpresa de me encantar com seus passos
ruídos rápidos de roupas se vestindo
e já nunca mais calores, não, nem carinhos
entregues esparsos como favores
à surpresa de me serem um encanto


A ordem está retida lá fora, sem acontecer
há distância enquanto quero proximidade, é meu caos
eu quero algo perto, mais perto de alguém que havia aqui
escurecem meus olhos fechados,
meu lar completamente escuro, sufocado
Que falta sinto eu que não lembro? 


Nomes perdidos na imensidão da noite
que a ambos enganou com palavras mal ditas
arrancos do amor, carícias que foram tropeços 
calor, novamente um calor de paixão
distorce as imagens que tentam e não se formam
é algo como estar numa praia sozinho
se derrubar na areia, e o sol um clarão aceso ofusca
o vento soprando um deserto, logo alí
nossas pegadas desenham meu lar
porém, apenas me restaram
na lembrança os rubros calcanhares.