domingo, 30 de setembro de 2012

Sangue de pouca tinta

Nas fundezas de um país
ou de um lugar que é bonito
tem lá muitos homens-pouco
que nos papel não se pinta
é sangue de pouca tinta
que não vale nem um escrito
nem seus feitos nem suas coisas
que é mato, grama, moita, é terra!
e ninguém preocupa: que não pode

Tem homem que vai embora,
novo, e nunca mais que volta
teima de esquecer da família
é sangue de pouca tinta
que não escreve memória, cê vê...
pra se alembrar só no retrato
que na cidade tem muito,
é mundão, e os escrito são grande

Eu num vejo o sertão é nunquinha
lá não vou mais que não quero
que não posso, que me esperam
é distante a viagem demais,
se um dia eu tiver filho que der pros escrito
vou dizer, mesmo que muito sinta:
- és sangue de pouca tinta